As Origens

No segundo semestre de 1965, o grupo de Química de Produtos Naturais da Universidade de Brasília (UnB), coordenado pelo Prof. Otto Richard Gottlieb, percebeu o desaparecimento das condições mínimas de democracia acadêmica para permanecer nessa instituição, após um ano de luta contra as forças de opressão do sistema autoritário imposto ao País em abril de 1964.

Cerca de duzentos e dez docentes das diversas áreas foram demitidos ou pediram demissão em protesto contra a destruição do sistema universitário inovador, implantado na UnB. Este movimento foi implementado pelos educadores Anísio Teixeira e Darcy Ribeiro.

A grande maioria dos demissionários assumiu essa histórica decisão mesmo sem dispor de lugar garantido para continuar desempenhando as atividades universitárias.

Assim, a equipe de Química de Produtos Naturais, constituída por quatro professores e dez alunos de pós-graduação, saiu de Brasília em novembro de 1965. Cinco componentes dessa equipe assumiram a oportunidade oferecida pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e o restante foi recebido, cordial e temporariamente, pelo Centro de Pesquisas de Produtos Naturais (CPPN) da Faculdade de Farmácia da UFRJ, hoje Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) da UFRJ.

A Formação

Durante o período de dezembro de 1965 a fevereiro de 1966 esse grupo que se dirigiu ao Rio de Janeiro, permaneceu no NPPN, com a expectativa de retorno à Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), quando os professores Otto Richard Gottlieb e Fausto Aita Gai (docente da UFRRJ) mantiveram contato diário com o reitor, professor Paulo Dacorso Filho (docente do Instituto de Veterinária).

A compreensão e solidariedade do professor Fausto e do reitor Dacorso possibilitaram a conquista, em março de 1966, de local no Pavilhão de Química (PQ), para instalações e oficializar o funcionamento do Curso de Pós-graduação em Química Orgânica, na Cadeira de Tecnologia (nome antigo). Nessa cadeira encontrou-se a esperada receptividade dos Professores Paulo Costa Pereira, Layette Estellita, Altanir J. Gava, Romeu Vianni e Carlos Alberto Bento da Silva, dispostos a colabora efetivamente no processo de implantação do novo grupo. Teve, também a participação de docentes e servidores de outras cadeiras instaladas no Pavilhão de Química (Física, Química, Solos e Fisiologia).

Posteriormente, o Curso de Pós-graduação em Química Orgânica vinculou-se administrativamente ao Departamento de Química (DEQUIM) do Instituto de Ciências Exatas (ICE), onde permanece em pleno funcionamento até hoje.

Os Primeiros Anos

O cenário para o funcionamento do Curso de Pós-graduação dispunha de  excelentes laboratórios, um extrator de aço inoxidável, pequena quantidade de vidraria adequada e um aparelho de ponto de fusão (Kofler), cedido pelo IPEACS (Instituto de Pesquisa Agropecuária do Centro Sul) através do professor Layette Estellita.

Assim, as atividades de pesquisa desenvolveram-se inicialmente em laboratórios dotados de infra-estrutura mínima e contou com modestos recursos financeiros, obtidos, principalmente, através de auxílios concedidos pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (CAPES), que permitiram a aquisição de material de consumo e aparelhagem de pequeno porte, além de espectrômetros ultravioleta (UV-VIS), infravermelho (IV) e de ressonância magnética nuclear (RMN 1H a 60 MHz).

Por isto, os espectros de massas e RMN (1H: 100MHz; 13C: 25,2 MHz) eram obtidos em outras instituições nacionais e estrangeiras. A Universidade de Sheffield, por gentileza do Prof. W. D. Ollis, Inglaterra, e a Central Analítica do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais (NPPN) da UFRJ, por atenção cordial dos professores P. Baker e Antônio Jorge R. da Silva, e do servidor Ronoel da S. Godoy, foram as Instituições que mais contribuíram na execução desses serviços.

Com o funcionamento da Central Analítica do NPPN/UFRJ atingiu-se a independência desses serviços do exterior e passou-se a depender somente de uma instituição nacional (NPPN), que cumpriu com eficiência e dedicação essa missão árdua e difícil, mesmo sem contar com a devida compreensão de alguns pesquisadores e órgãos de fomento do país.

O Curso de Pós-graduação em Química Orgânica da UFRRJ começou praticamente com dois docentes: Professores Otto Richard Gottlieb (coordenador) e W. B. Eyton (oriundo as Universidade de Sheffield, Inglaterra, que atuou na UnB) e oito alunos de pós-graduação ( Maria Auxiliadora Coelho Kaplan, Jamil Corrêa Mourão, Raimundo Braz Filho, Raimundo Guilherme Campos Corrêa, Maria Vittoria von Bullow, Afrânio Aragão Craveiro, Gouvan Cavalcante de Magalhães e Roberto Alves de Lima), todos bolsistas de pós-graduação do CNPq.

O número de alunos de pós-graduação cresceu sistematicamente nos anos subseqüentes até 1973. No período de 1973 a 1975 as atividades do curso tornaram-se bastante reduzidas, em decorrência das atividades adicionais assumidas pelo coordenador, professor Otto Richard Gottlieb, no Laboratório de Química de Produtos Naturais do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. Convidado pelo Prof. Paschoal Senise (IQ-USP), o Prof. Gottlieb havia instalado, com apoio da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), em julho/67, esse laboratório, para o qual Raimundo Braz Filho, dos pós-graduandos da UFRRJ, foi chamado a ser chefe (julho de 1967 a março de 1970, com bolsa de pesquisador-chefe da FAPESP). A evolução e as exigências dessa nova função exigiram que, posteriormente, o prof. Gottlieb se transferisse integralmente para o Instituto de Química da USP, após contratação por essa instituição pública de ensino superior (gratuito) do Estado de São Paulo.

Este episódio demonstra com clareza a importância do papel que as fundações de amparo à pesquisa e governos estaduais podem desempenhar no auxílio ao desenvolvimento da investigação científica.

Consolidação

Até esta época, o curso se dedicava exclusivamente à Química de Produtos Naturais, enquanto especialidade de Mestrado. Devemos, entretanto, destacar os cursos especiais que foram oferecidos durante os meses de julho dos anos de 1969 a 1973, contando com a participação de docentes brasileiros e estrangeiros, ministrando e/ou assistindo disciplinas, além de alunos de pós-graduação e graduação (especialmente bolsistas de Iniciação Científica) da UFRRJ e de outras Universidades brasileiras e estrangeiras. O elenco de disciplinas oferecidas abrangia a graduação, a pós-graduação e tópicos de fronteira do conhecimento em Química Orgânica e Química de Produtos Naturais, além de seminários de pesquisa e conferências, numa programação ajustada e eficiente, sobrando ainda espaço noturno para as confraternizações.

A falta de apoio constante e dificuldades administrativas levaram à interrupção de iniciativas como esta. A Universidade Federal de São Carlos, após consultar a UFRRJ, continua atualmente oferecendo estes cursos em sistemas semelhantes.

Data ainda deste tempo do Curso de Pós-graduação em Química Orgânica da UFRRJ, o surgimento da Sistemática Química Micromolecular no Brasil, com o primeiro trabalho de dissertação (Mestrado) de Ceres Maria Rezende Gomes, em 1972, orientado pelo Prof. Gottlieb. Esta disciplina e a pesquisa que lhe é inerente, tornou-se grande contribuinte para novos avanços científicos nos conhecimentos de Ecologia Química e Evolução Química.

Em 1975, novamente através da ação conjunta dos professores Otto Richard Gottlieb e Fausto Aita Gai (durante o seu primeiro mandato de Reitor), tornou-se possível o retorno do ex-aluno de pós-graduação da UFRRJ, então Dr. Raimundo Braz Filho, para desenvolver atividades profissionais no Departamento de Química da UFRRJ e promover a continuidade e reativação dos trabalhos de pesquisa e pós-graduação. Nessa época O Dr. Braz respondeu pela coordenação do curso que, com a colaboração de outros docentes da graduação, Ceres Maria Rezende Gomes, Vitória, Elita, Sonildes, entre outros, criaram condições para atraírem os alunos da graudação para ingresso no mestrado, além da recepção de alunos de fora da UFRRJ.

No início e durante a década de 80, com o retorno de vários professores afastados para doutoramento, e o ingresso de outros doutores no Curso inicia-se o período de amadurecimento e expansão do Curso de Pós-graduação em Química Orgãnaica da UFRRJ, que se prolonga até hoje. Outras áreas de pesquisa, como Fotoquímica Orgânica, Síntese, Físico-Química Orgânica, passaram a ser oferecidas aos orientandos; ampliaram-se os recursos laboratoriais e instrumentais (graças ao apoio de instituições de fomento, nomeadamente, CNPq e CAPES, e ao PADCT), como por exemplo: o espectômetro Varian T-60 de RMN (1H: 60 MHz, adquirido em 1973), UV Perquin-Elmer Mod. 402, IV Perkin Elmer 257, e o espectrômetro Bruker AC-200E com magneto supercondutor (1H: 200 MHz, 13C: 50,3 MHz, adquirido em 1988). Este foi um dos primeiros equipamentos com essa resolução em operação no país atendendo às necessidades de várias instituições nacionais. Apesar da insistência dos docentes, só agora ( anos de 2005-2006) conseguiu-se a atualização do mesmo (FINEP). Dificuldades financeiras e problemas burocrático-administrativos ainda existem (apesar da atitude cooperativa dos Decanos de Pesquisa e Pós-graduação da UFRRJ, anteriores e presente).
 

Em janeiro de 2008, a CAPES através do OFÍCIO/CAA/Nº 027- 03/2008, aprovou a alteração do nome do Programa, que  passou a  ser denominado Programa de Pós-Graduação em Química com três áreas de concentração (Química Orgânica, Físico-Química e Química Agrária) que  reflete as linhas e projetos de pesquisa, disciplinas e perfil do corpo docente.
 

Atualmente o PPGQ-UFRRJ, conta com os seguintes equipamentos: Ressonância Magnética Nuclear: RMN Brucker AC-200 Advance 400 MHz; Infravermelho-FTIR; Ultravioleta /Visível: Shimadzu - Modelo OMINI; Cromatógrafo em fase  gasosa acoplado a espectrômetro de massa CG-EM - Varian-Modelo Saturn 2000; Cromatógrafo em fase gasosa com detector FID:  HP-5890-Série II; Cromatógrafo Líquido: Shimadzu- Modelo LC10AS com detector UV-Vis; Cromatógrafo Radial Planar: Chromatotron; Espectrofluorímetro VARIAN; Reator Fotoquímico: Rayonet (254, 300 e 366 nm); poços de quartzo e de pyrex. Esses equipamentos têm sido conseguidos com muita persistência do corpo docentes do programa, que vem enfrentando o sistema nacional de financiamento.
Orientadores Anteriores

Dr. Otto Richard Gottlieb
Dr. Adolfo Henrique Müller
Dr. Ronoel Luiz de Oliveira Godoy
Dr. Euclides Lameiras Barreiros (in memorian)
Dra. Edna Cruz Fantini (in memorian)
Dr. Anselmo Alpande Morais
Dra. Maria Auxiliadora Coelho Kaplan
Dr. Alphonse G. Kelecon
Dr. Ângelo da Cunha Pinto
Dr. Silas Varella Fraiz Júnior
Dr. Eliezer Jesus Barreiro
Dra. Stella Regina Reis da Costa
Dr. Paulo Gustavo Pries de Oliveira
Dra. Leila Vilela Alegrio
Dr. Heber dos Santos Abreu


Coordenadores Anteriores

Dr. Otto Richard Gottlieb - período 1966 a 1973
Dr. Raimundo Braz Filho - período 1975 a 1983
Dr. Anselmo Alpande de Moraes - período 1983 a 1985
Dr. Victor Mracos Rumjanek - período 1986 a 1988
Dra Edna Cruz Fantini - 1989
Dra. Leila Vilela Alegrio - 1990
Dr. José Carlos Neto Ferreira - período 1990 a 1993
Dr. Aurélio Baird Buarque Ferreira - período de 1993 a 1994
Dra. Áurea Echevarria Aznar Neves Lima - período 1994-1998
Dr. Mário Geraldo de Cravalho - período de 1998 a 2002
Dr. João Batista Neves da Costa - período de 2002 a 2004
Dra Rosane Nora Castro - período de 2004 a 2008


Secretário atual

Osmar Goulart Cunha




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